Desde que o homem perdeu o medo de olhar para o alto, sonhou com o dia em que chegaria a colocar os pés num daqueles pontinhos brilhantes que via no céu, nas noites limpas e estreladas.
Começou com Ícaro, fugindo do labirinto de Dédalo, com um par de asas feitas de penas e cera de abelha, que derreteu por que ele, Ícaro, quis voar perto do Sol (explicações do mito, em outro lugar. Hoje, não).
Nomes que soam estranhos aos ouvidos modernos, como Tsiolkovsky, na antiga Russia, ou Werner von Braun, num momento mais recente da história da humanidade, trouxeram esse sonho de alcançar as estrelas um pouco mais perto das mãos dos homens. O princípio dos foguetes surgiu de uma arma quase letal, as bombas V-2, que destruíram Londres na década de 40, em plena 2.a Guerra Mundial. Quando a guerra terminou, aconteceu a divisão do mundo entre os bonzinhos e os malvadões. Dependendo da esfera de influência, os bonzinhos eram os americanos e os "bad guys" eram os soviéticos. Ou exatamente o contrário.
Depois de tanta chorumela, chegamos ao ano de 1957.
Em 4 de outubro de 1957, os soviéticos lançaram o primeiro satélite artificial na órbita terrestre. Era o Sputnik 1, o que dava início à corrida espacial. Podem acreditar: ouvir os bips desse primeiro satélite foi, para mim, uma experiência assustadora.
Logo depois, ainda em 1957, os soviéticos - esses danadinhos! - colocavam no espaço um segundo satélite; este, tripulado. Por um cachorro. Aliás, por uma cadela, chamada Laika.
O mundo ficava cada vez mais de boca aberta até que, em 12 de abril de 1961, os soviéticos - esses danadinhos, de novo! - colocam um SER HUMANO a dar um rolê na órbita terrestre, à bordo do Vostok 1. O macanudo? Yuri Gagarin, um saudável garotão de 27 anos. Macanudo? SIM! Precisava ter muito ... Muita ... Enfim, muita coragem para subir num treco daqueles.
Yuri Gagarin e sua coleção de medalhas - mais que merecidas.
(foto da Wikipédia)
E vocês pensam que os danadinhos dos soviéticos ficaram quietos? Nem pensar!
Em 1963, lançavam o Vostok 6, levando à bordo uma gentil dama soviética, Valentina Tereshkova.
Enquanto isso, no lado de cá da Cortina de Ferro, os sobrinhos de Tio Sam também faziam seus experimentos, que culminaram com ...
A missão Apollo 11
No dia 16 de julho de 1969, é lançada a Apollo 11, que levaria quase três dias para chegar à órbita da Lua. E, no dia 20 de julho, às 20:17:40, o módulo lunar pousou, suave, no Mar da Tranquilidade. Às 23 horas daquele mesmo dia, Neil Armstrong colocava a primeira marca humana no solo lunar.
"Um pequeno passo para o homem, um grande salto para a humanidade"
(Eu fico imaginando: será que Neil Armstrong, Ed "Buzz" Aldrin e Michael Collins jogaram palitinho para ver quem desceria primeiro na Lua? I wonder ...)
Bonitos na foto: Neil Armstrong (e), Michael Collins (c), Ed "buzz" Aldrin (d)
Desde então, foram seis as missões que colocaram seus pezinhos no solo selenita (adjetivo "pátrio" para a Lua), até 1972. Depois, a festa acabou, pois os projetos eram absurdamente caros para tão pouco resultado. Mas será que os resultados foram tão pequenos assim?
Vejamos:
- marca-passos
- velcro
- ultrassonografia
- ressonância magnética
- materiais sintéticos para roupas e tênis
- avanço no desenvolvimento de computadores (opa!)
- purificadores de água
- congelamento de alimentos
- sensores de gases
- radares orbitais
- forno de micro-ondas
- joystick
- tintas anticorrosivas
- lubrificantes secos
"Um pequeno passo para o homem ..."
"Indo onde nenhum homem jamais esteve ..."
Conto essas coisas com um gostinho de saudade. Eu acompanhei toda essa corrida; adorava ouvir as transmissões de Cabo Canaveral, depois Cabo Kennedy. O frio na barriga com a contagem regressiva: ten ... nine ... eight ... até o fabuloso "one", quando os motores eram acionados, via-se aquele clarão e aquele gigante subindo como uma flecha para o céu ...
E a trilha sonora nem tão incidental: Assim falou Zaratustra, de Strauss.
A história completa da Missão Apollo 11, aqui.
Ah, sim: os soviéticos - aqueles danadinhos! - não colocaram nenhum camarada na Lua.
