24/09/2011

Turista não muito acidental

Hoje é sábado, e sábado é dia de vagabundear pela cidade, ser turista na própria cidade. Fui até a Zepa’s (também conhecida como José Paulino), procurar algumas roupitchas para o tempo quente que se aproxima. Acho que, depois de umas três ou quatro horas, eu me dou conta que lá é lugar de “atacado” e não de varejo. Por isso, acabei deixando de me dar de presente um belíssimo colar porque me faltavam trinta reais para poder fazer a compra com cartão de débito. Também deixei de comprar uma ou duas blusas muito legais porque o pessoal da loja não aceita cartão – nem de débito – só dindim vivo. Eu saí da loja me perguntando quem, em sã consciência, anda em São Paulo com dinheiro vivo no bolso? Tudo bem, meu lado malvado explica que, sendo orientais e, muito provavelmente, com estadia ilegal, não há possibilidade de ter uma conta para receber o produto da venda pelo cartão. Isso é o meu lado maligno falando. Meu lado não tão benigno diz que os caras são um amontoado de bobões. Mas, enfim, deixa prá lá. Consegui achar-me uma bolsa de trabalho bonita, cheia de bolsinhos com um monte de zíperes (é o plural de zíper?) e simpática, além de três blusas (em uma loja que aceitava cartão), uma pulseira chocante e um par de brincos dourados e compridos. (Voltei a gostar de alegorias de orelha).

Aproveitei o passei para fotografar coisas da cidade. Em princípio, uma estátua em homenagem a Luiz Pereira Barreto, médico, um dos pioneiros no estudo dos benefícios do guaraná para a saúde.

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As duas “musas” são de uma grande delicadeza

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Estátua de Luiz Pereira Barreto - detalhe

Depois de um passeio de ônibus, chegamos a …

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E, no retorno, a Estação da Luz

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com alguns detalhes que vou te contar …

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O Monograma da São Paulo Railway (aliás, foram eles que começaram com esse negócio de futebol, por aqui)

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No detalhe …

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Olha o charme desse lustre …

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Parece que o que havia de melhor na época foi utilizado na construção

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E este é o saguão de entrada

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A gente baba nos mínimos detalhes.

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As fotos são minhas e do meu Nokia X3

(Sim, estou com uma baita dor de cabeça, estou cansada dessa correria toda. Mas estou melhorando minhas fotos, pois não?)

10/09/2011

Didi planeja uma viagem

Eu gosto muito de minha casinha e dos meus arredores, mas faz muito bem para a saúde esticar as asas para outros lugares.

Então, perto de Junho/2011, eu resolvi que queria passar meu próximo aniversário saboreando um cupcake em NYC ou piquenicando sob as cerejeiras em Washington D.C. Isso significava conseguir passagem, locais para estadia e numerário para financiar essa loucura. Tudo isso em singelos 9 meses (sintomático). Quanto eu estava disposta a dispender em cada dia (seriam 16 dias)? Quais seriam os programas a fazer? E, principalmente, quanto desse numerário seria utilizado para satisfazer meus desejos de consumo (papéis de scrapbook, revistas, livros, embellishments, carimbos, um heater emboss, carimbeiras, pós para emboss, uma Sizzix BigShot, entre outras coisinhas)? Ah, sim, e um netbook. Mas eu resolvi que o netbook poderia ser comprado aqui mesmo no Brasil, para eu poder começar a matraquear desde o embarque.

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Bem, minha BigSis resolveu 70% do problema: gentilmente me deu uma passagem ida-e-volta. Uma dívida monetária a menos (a sentimental é impagável!). Então, consultando um oráculo babilônico do séc. IX a.C., cujo nome, traduzido para o português atual, seria algo como Uni-duni-tê, decidi que os fados eram favoráveis a Washington D.C. Depois, embarcar no Northeast para Nova Iorque.

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Eu já estive em Washington, em 2009. O que eu vi? De relance, um montão de coisas. De verdade? Muito pouco.

Meu objetivo é contar os preparativos da viagem, o embarque e os passeios, a estadia e, principalmente, ajudar – no que for possível, claro - na realização do SEU sonho de viagem. Não sei bem, a gente fica imaginando que nunca vai conseguir fazer uma viagem dessas, mas, repetindo as palavras de um carinha do site

www. viajandoparanovaiorque.com.br

“ para Deus não existem distâncias, não existem barreiras”. Eu acredito nisso. Até a próxima!

07/09/2011

Já podeis da Pátria, filhos …

Sim, eu deixei de ser “patriota” faz muito tempo. Acho que em 1972, foi quando eu deixei de ser “patriota”. Foi Samuel Johnson quem disse que “O patriotismo é o último refúgio de um canalha". Como eu não quero ser canalha, deixei o sentimento lááááá atrás, junto com as bonecas e meu primeiro compacto-simples de Simon & Garfunkel, apesar de ainda gostar da minha bonequinha e de S&G.

Enfim: hoje, feriado, resolvi colocar em ação meu lado “turista dentro da própria cidade”. E fui ao Museu.

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Sim, ao Museu Paulista, vulgo Museu do Ipiranga.

Ele fica dentro do “Parque da Independência”, um complexo de jardins, fontes e

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a Casa do Grito, uma espécie de “vendinha” que existia na época do acontecimento (07 de Setembro de 1822).

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(via google/wikipedia)

No famoso quadro de Pedro Américo, que fica numa sala toda especial no Museu, o visitante pode se deliciar com a descrição da pintura, com as figuras históricas que foram retratadas – inclusive o alcoviteiro Chalaça – e, é claro, levar em conta que o quadro foi pintado MUITO tempo depois do acontecido, tanto que o peste do Pedro Américo se retratou na comitiva (espertinho, ele!). Saí completamente do assunto, mas eu gosto demais desse quadro e fico encantada com a expressão de “Quediabéisso?” (em português “What the f*&$ck?”) do tropeiro que fica bem no alto, à esquerda.

Uma coisa que sempre me impressionou foi a história dos Bandeirantes. Logo no primeiro piso, temos as estátuas de Antonio Raposo Tavares e Fernão Dias. Quando você lê onde esses sujeitos se meteram, numa época sem internet, sem GPS, sem comida enlatada e telefone celular, dá um orgulho … E não me venha com aquela conversinha mole de “Ah, mas eles mataram índios …” Vem cá, se fosse com você, você se deixaria matar com uma bordunada? Ah, sei, para começar, você não teria saído da Europa, né? Sei.

Uma coisa interessante: os globos de vidro (cristal?) com água dos vários rios que esses desbravadores descobriram – tá, encontraram.

Tem aquele lance de ferros de passar roupa antigos, urinóis, esporas e estribos, carruagens, que eu passei batido.  Em uma parte da exposição, a frase mortal: “O viver paulistano”. CILADA!!

Há uma sala onde há vários exemplos de propagandas antigas. Aí, minha alma marqueteira se regozija. Até mesmo uma propaganda do farmacêutico H. Schaumann (soa um sininho? Sim, ele foi o fundador da Botica Ao Veado de Ouro, referência em homeopatia, até que um genro mal intencionado e um lote de pílulas para câncer de próstata falsificadas levaram o nome da Botica à lama).

E uma notícia no Correio Paulistano, de 18 de janeiro de 1901, que transcrevo:

Notas e Fatos

Perdizes

É de data recente um pedido dos moradores do Campo das Perdizes que, por nosso intermédio, foi dirigido à Companhia Light & Power, no sentido de ficar esse florescente bairro servido por bondes eléctricos. Atendo à justa solicitação dos interessados, renovamos o pedido que se justifica com o facto de se tratar de um apreciável núcleo de população que lucta com difficuldades sem meios de transporte, sendo, aliás, fácil à Light & Power servil-o com um ramal da linha Água Branca. Vai nisso interesse da própria empresa, alémdo relevante serviço que presta aos moradores do Campo das Perdizes. Ahi deixamos de novo consignada essa pretensão, razoável a nosso ver, e acreditamos que será ella tomada na devida consideração.”

Claro que eu fiz um “figurão”, de pé, diante do painel, anotando a notícia. Fica todo mundo com aquela cara de “Quediabéisso?” Tudo bem.

Saindo do Museu propriamente dito, dei uma geral nos jardins, fontes e …

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A imagem atual do córrego do Ipiranga, às margens plácidas …

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O monumento propriamente dito, felicidade de muita gente, tirando fotos em suas escadarias

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Um detalhe da parte aquática do Parque

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Não era segredo que D. Pedro era Pedro Guatimozim, maçom.

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Com o calor que estava fazendo, esses borrifos foram uma mão na roda.

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E, para não escapar, uma casinha de joão-de-barro

Só para assustar um pouco, o relógio de rua marcava

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“Quediabéisso?”