27/11/2011

Paulistanices

Um dos meus passatempos atuais é a fotografia. OK, eu não tenho nenhum curso, não tenho nenhuma máquina profissional – ou semi, que seja – mas adoro sair por aí clicando. Cartier-Bresson se revolve no túmulo, mas eu gosto de fotografia. Como uma “scrapbuqueira” meio frustrada, eu clico uma imagem pensando no seu efeito em uma página de scrap, que acaba não saindo do meio das minhas orelhas. Essa “fotografeação” também serve como treino para quando eu estiver em Washington & NYC, passeando. (Eu sei, pode ter um tempo de chuva, mas é para isso que a gente vai passar, logo de cara, em uma loja para comprar uma capa de cuva bem descolada.)

Enquanto Seu Lobo e a viagem não vêm, eu saio pela minha cidade (ela AINDA é minha, apesar de pseudo-estudantes da USP, integrantes de Movimentos dos Sem Educação, Sem Classe, Sem Vergonha), clicando, clicando, clicando. Desta vez, o destino foi a outrora podre-de-chique Rua Augusta-sentido-Jardins.

Augusta-1969_SilvioMacedo

Entrei na rua Augusta,
A cento e vinte por hora,
Botei a turma toda,
Do passeio prá fora.
Fiz curva em duas rodas,
Sem usar a buzina,
Parei a quatro dedos da vitrina

Pois: houve um tempo em que ir à Augusta significava bater perna e gastar mucha plata em lojas de última moda. Havia a Dentelles, que trabalhava com lingerie fina; a Bibelot, que vendia cosméticos e perfumes, a Cordobán, que fazia calçados sob medida, a Modélia, que vendia moda jovem (e eu comprei muita roupa lá, nos meus tempos de BB), a Hi-Fi, uma super loja de discos (hein? lo-ja-de-dis-cos?? Havia um lugar que vendia … DISCOS??)

Havia a Siciliano,uma boa livraria-revistaria, lá perto da Oscar Freire. Havia a Casa de Chá Iara (onde passei três horas e meia com um bom amigo lembrando velhos seriados de TV).

Havia cabeleireiros top de linha, Beka e Jacques e Janine. Aparício, o criador do inesquecível perfume Rastro, tinha seu atelier na Augusta. E havia a loja da Jeans Store (um dos poucos lugares onde se comprar um jeans que NÃO precisava ser ajustado ao seu corpo, nem precisava fazer barra. Ele vestia como uma luva!)

Onde hoje está instalada uma loja do Habib’s, havia o Jack in the Box, talvez uma das primeiras fast-foods de São Paulo.

O que temos, hoje? Um comércio que parece que respira por aparelhos. Muitas lojas fechadas, aguardando alguém que as alugue e inicie um negócio que, se durar mais de três anos, será considerado sortudo. Muitos dos lugares fechados já servem de abrigo de moradores de rua, enquanto outros lugares estão pichados com aqueles “ideogramas” típicos de emporcalhadores de prédios. Notem bem: digo isso da Augusta em si, não falo de suas transversais.

E uma das transversais famosas (à direita de quem desce para o Jardins) é a Oscar Freire (aliás, a Oscar Freire SEMPRE foi podre-de-chique, pois não?)

Foto1010

Foto1008

Pois ela é tão chique que se dá o direito de ter um

Foto1009  Camelódromo Chic

(fica bem ao lado de uma loja da Calvin Klein)

Voltando à Augusta, encontramos um mini-centrinho de compras.

Foto1011

Absurdamente simpático, mas ainda assim, com aquele ar de “este lugar não te pertence”. Uma sensação de nobreza falida, do tipo “caramba, eu querendo um visitante e quem me aparece? ELA, com seu tenebroso Nokia. Degôutant!” (Para mim, nobre decadente utiliza expressões em francês.)

Foto1014

Foto1016

Em resumo: comércio de rua não é uma coisa tão rentável quanto era, há uns 40 anos. É uma ocupação muito cheia de perigos. Não que um shopping center seja alguma coisa mais seguro, mas, pelo menos, lá não chove, pois não?

Ao fim e ao cabo, eu queria registrar a “ocupação” da Av. Paulista por um grupo de rapazes e moças sujinhos e mal-criados, mas acabei correndo para casa pois era hora do almoço, tinha iscas de Saint Peter, salada, pão do Olivier Anquier e eu não queria perder essa, n’est-ce pas?

(Na minha cabeça, a expressão podre-de-chique é marca registrada de Carmen Verônica, um dos mais belos pares de pernas do teatro de revista do Brasil.)

20/11/2011

Paulistando no sábado

Ah, este delicioso costume de sair pela cidade, egando seus ângulos mais abandonados pelos moradores …! Armada com o meu valente Nokia, meu New Balance, meu mp3 and off we go!!

Sábado, foi o dia da 25 de Março, Florencio de Abreu e imediações.

Foto0941 

Apresento-lhes a Igreja de Sto. Antonio, provavelmente de 1899. Só que se encontra em terreno onde, ateriormente, erguia-se outra igreja de Sto. Antonio, esta, dos 1700.

Foto0950                                 Esta, uma construção da Rua São Bento. Podem falar mal do prefeito – eu mesma me sinto meio incomodada com certas asnices que ele tem cometido – mas uma das grandes idéias dele foi a de proibir que as fachadas tivessem aquelas horrorosas frentes de alumínio. Vejam só que coisa mais elegante, este prédio!

Foto0967

Entrando na Florencio de Abreu, um dos prédios mais bonitos: o da Casa da Bóia. Para quem não conhece, a Florêncio de Abreu é uma rua especializada em ferramentas manuais e motorizadas, além de roupas protetoras e esta casa, uma das mais tradicionais na venda de material hidráulico. Pode-se visitar o museu virtual aqui.

Foto0963              Este prediozinho, na esquina da Florêncio de Abreu com Rua da Constituição, passa por um processo de restauro. A construção é de MDCCCXCVII - 1897, em castiço. É lindinho!

Foto0975         Aqui – para mim – fica a esquina mais famosa da cidade: Porto Geral X 25 de Março.

Foto0985              Ali, no alto, o “nosso” Empire State Building – o prédio do antigo Banespa.

E, no nosso querido cruzamento, um conhecido personagem.

Foto0981              Jack Sparrow!