03/03/2011

Resmungos de quinta … dos infernos

Será que agora eu consigo escrever? A raiva passou? Acho que não, mas aí vai …

Estou voltando para casa. É um caminho longo, quase duas horas. Ta´, eu venho sentada no ônibus, mas é entediante pegar a Paulista na hora de ponta (em português, hora do rush). Se o motorista do ônibus deixasse as luzes acesas, eu poderia vir lendo. Mas não, eles fazem uma tal economia …! Enfim: estou voltando para casa, hoje e, na altura da Rua Augusta (subi a rua augusta a cento e vinte por hora …), o ônibus pára. PÁRA. Eu olho para o outro lado e o sentido-bairro está vazio. Dá para ver um giroflex lá à frente. Depois de uns quinze minutos parados, percebe-se o que está travando o trânsito. Remelentos e mafaldinhas, fazendo uma passeata contra o reajuste da passagem de ônibus. Não, não são trabalhadores protestando contra o aumento da passagem. São estudantes. Na maior parte, não mais de vinte anos. Sim, aquele mesmo tipo de jovem que cultua cheguevara, odeia estaduzunidus e Israel e que só não fizeram uma cervejada no Onze de Setembro porque ainda estavam em casa, curtindo Teletubbies. São aqueles estudantes que, sem saber, fazem protestos que seus professores e outros intelequituais não fizeram durante os governos militares porque morriam de medo. Sim, eles se borravam de medo de levar uma cassetetada de um PM. Então, aqueles intelectuais velhuscos – os homens, de cabelo grisalho, pelo menos o que lhe sobrou, comprido e amarrado num rabo-de-cavalo ensebado; as mulheres, no velho modelito indiano-de-butique, cabelo despenteado e bijoux étnicas – vivem as emoções de um protesto sem a desvantagem de levar um cassetete no meio das fuças. Enquanto isso, atrapalham a vida de muitas pessoas, das que querem chegar à faculdade, das que querem chegar a um compromisso, das que querem chegar em casa e relaxar, depois de um longo e cansativo dia de trabalho. Para eles, tudo bem, afinal, eles vão dormir até as dez no dia seguinte, vão confirmar em suas contas se papai/mamãe depositou a mesada para a balada do final de semana, enfim, vão viver suas vidinhas regaladas, enquanto os trabalhadores e estudantes que eles atrapalharam no dia anterior, chegam em casa arrebentados e sem paz.

Afinal, o que eles querem? Eles pagam meia passagem em ônibus e metrô. Idosos têm passe livre, o que eu acho justo, pois trabalharam já o suficiente e merecem um dedim de respeito. Agora, os ensanduichados, que ficam entre os xofens e os cidadãos de terceira idade, são os que trabalham seis, quase sete meses do ano para pagar impostos e sustentar essa farra-do-boi, são os que pagam tarifa cheia em ônibus e metrô, pagam inteira no cinema e no teatro, tudo, para sustentar essas gracinhas. E mais: trabalhamos para pagar uma PM que, em vez de perseguir bandidos, fica bancando babá de remelentos e mafaldinhas. Valeu aí, tá?  Valeu, mesmo! Óiqui: se é para isso, nas próximas eleições vocês não vão ver a minha cara. A multa é baixa demais para eu me dar ao trabalho de ir até aquele colégio, subir dois lances enoooormes de escada para votar num prefeito banana. E não vou votar em nenhum  outro. Saco …!!

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A arte do ano: queria me infiltrar na ala das baianas da Gaviões da Fiel, atravessar o samba, fazer gestos obscenos para os jurados e fazer a escola cair para o grupo de acesso.

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Apenas para lembrar:

Ô abre-alas, que eu quero passar

Eu sou da Lyra, não posso negar …

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