30/12/2009

Só não me chame de “Nigga” (*) …

“Julia Baker: Did they tell you I'm colored?
Dr. Chegley: What color are you?
Julia Baker: Wh-hy, I'm Negro.
Dr. Chegley: Have you always been a Negro, or are you just trying to be fashionable? “
Imagine uma série de TV onde um dos diálogos iniciais fosse esse acima.  Estranhou as palavras? Julia se trata de “Negro”, coisa impensável nestes tempos politicamente corretos. Notou o “colored”? Era uma forma educada de dizer que a pessoa era de pele negra.. Mas o que sempre me tocou foi a pergunta do médico, Dr. Chegley: De que cor você é?
Este era o seriado “Julia”, que debutou na TV em 1968, teve três temporadas e sumiu. Atualmente, duvido que alguma tv., mesmo a TCM, tivesse coragem de passar o seriado. Porque era um seriado muito “limpo”. Julia era viúva de um soldado que morreu no Vietnam, criava sozinha um filho capetinha, que vivia tentando arrumar um namorado para a mãe, negro, naturalmente. Julia era enfermeira e trabalhava numa clínica com o Dr. Chegley, um velho rabugento que se entupia de jujubas e a enfermeira Hannah Yarby, que tinha uma paixão incontrolável por … Tyrone Power! Sim, ela passava suas noites de folga caçando filmes do Ty Power. Obviamente, os negros “politizados” odiavam a série, pois não era “zangada” ou “quebradora de padrões” o suficiente para satisfazer os “zangados” ativistas.
julia_2_510 (aqui, Julia e seu filho Corey)
Claro, o pessoal tanto encheu a paciência que a atriz, Diahann Carroll, pediu para sair do filme, depois de três temporadas. Diziam que ela não representava a verdadeira mulher negra. Será que eles achavam que a verdadeira mulher negra era uma … Deixa prá lá.
“De que cor você é?”
Apesar de eu ser branquinha (com sangue de todas aas etnias nas veias, pode ter certeza), essa frase, com “Sonhei com um país onde meus filhos possam ser julgados por seu caráter, não pela cor de sua pele”, do Dr. martin Luther King Jr., quase que formaram meu caráter. Eu sei que foi duro, mas eu já consigo admitir para mim mesma – e para alguns chegados – que a pele negra não me atrai. Não é por nojo, ou por achá-la suja. Ela não me atrai, como não me atraem os loiros. Sou mais os de cabelos negros, olhos castanhos, essas coisas.
Coisas difíceis de encarar, difíceis de aceitar. Mas eu curtia o seriado., E continuo não julgando as pessoas pela cor da pele, e sim, pelo caráter. Principalmente porque já vi muito branco absolutamtente patife e muito negro legal à pampa.
(*) Nigga , ou Nigger, é o termo pejorativo para tratar o cidadão de pele negra. Alguma coisa como “negro sujo”, em português. Aqui, a gente usa (ou usava), o Crioulo. Assim eram chamados Pelé e jair Rodrigues, no “Dois na Bossa”, termo utilizado por Elis Regina.
Em resumo …
Deixa prá lá!
(a foto saiu do www.retrojunk.com)

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