07/08/2010

Pesquisa? Me inclua fora!

Como alguns de vocês não sabem, eu conto: puxei dezessete anos e dez meses no Banco do Brasil e, depois de alguns anos dentro  daquela instituição, eu tomei o caminho que quase todos os bancários tomam: filiei-me ao sindicato. Era cool, afinal, a gente estava entrando no período de redemocratização. Era a época ém que se ouvia Gonzaguinha, Geraldo Vandré, lia-se o tablóide Movimento, ficava-se sabendo, com horror, tudo o que os “gorilas” de verde nos escondiam. Claro, eu tinha vinte anos e é absolutamente legal que a gente tenha esse tipo de idéia. O chato é chegar aos cinquenta acreditando nessas coisas. É como usar fraldas ou tomar mamadeira antes de dormir, ouvindo a mamãe contando historinhas de fadas. Ou como o vizinho de baixo, que está calvo e o que lhe resta de cabelos está preso num rabo-de-cavalo ensebado, ARGH!

Seguinte: estamos em período eleitoral e, além das musiquinhas de arrepiar cabelo de estátua e das promessas mirabolantes, somos assolados por pesquisas. Pesquisas feitas por institutos sérios, pesquisas feitas por pessoas que mal sabem contar os dedos das mãos (são dez, para quem já esqueceu). Eleição é um negócio esquisito, pois você acaba votando em quem não gosta, para que o que é pior que ele não ganhe. E, toda vez que eu sou obrigada a sair do meu cafofo para enfrentar uma fila e digitar um numerinho e “confirma”, eu me lembro de uma eleição microscópica da qual eu tomei parte, faz um bocado de tempo.

Era nos tempos do rei, quer dizer, do BB, e eu estava fazendo um curso de prevenção de incêndios. Éramos em dezessete valientes e pegamos um período de campanha salarial, que sempre acabava em greve. Nós estávamos fora da agência e uma sindicalista que fazia o curso disse que a gente deveria participar da greve, também. Eu discordei. “Vamos colocar em votação”, disse ela. Concordei. Lembrem-se, éramos em dezessete. Ao final da votação, deu 9x8 pela não paralisação. “Ah, xente, acho que não ficou clara a posição do pessoal … Vamos fazer nova votação?” Tudo bem, vamos fazer nova votação. E deu 9x8 pela paralisação. “Bem, xente, como está resolvido pela assembléia soberana, a xente está em greve, também.”

Vá esperando. No dia seguinte, no horário do curso, lá estava eu. Fiz questão que ficasse constando na ficha do professor que eu tinha ido até lá e, como não havia ninguém, eu tinha ido embora. Sacanagem!

Deu para perceber como funciona a “democracia” para esse povo? Se o resultado é favorável à minha idéia, não vale. Agora, se é favorável à idéia deles, está tudo certo. Dá para perceber porque eu não gosto deles, apesar de já ter votado neles, de já ter feito campanha … quase.

Neste momento, cabe uma frase muito boa de George Orwell, aquele mesmo que escreveu “1984” e “Animal Farm”:

“Você tem de ser um intelectual para acreditar em tamanho absurdo. Nenhum homem comum seria tão imbecil.”

 

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