07/09/2011

Já podeis da Pátria, filhos …

Sim, eu deixei de ser “patriota” faz muito tempo. Acho que em 1972, foi quando eu deixei de ser “patriota”. Foi Samuel Johnson quem disse que “O patriotismo é o último refúgio de um canalha". Como eu não quero ser canalha, deixei o sentimento lááááá atrás, junto com as bonecas e meu primeiro compacto-simples de Simon & Garfunkel, apesar de ainda gostar da minha bonequinha e de S&G.

Enfim: hoje, feriado, resolvi colocar em ação meu lado “turista dentro da própria cidade”. E fui ao Museu.

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Sim, ao Museu Paulista, vulgo Museu do Ipiranga.

Ele fica dentro do “Parque da Independência”, um complexo de jardins, fontes e

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a Casa do Grito, uma espécie de “vendinha” que existia na época do acontecimento (07 de Setembro de 1822).

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(via google/wikipedia)

No famoso quadro de Pedro Américo, que fica numa sala toda especial no Museu, o visitante pode se deliciar com a descrição da pintura, com as figuras históricas que foram retratadas – inclusive o alcoviteiro Chalaça – e, é claro, levar em conta que o quadro foi pintado MUITO tempo depois do acontecido, tanto que o peste do Pedro Américo se retratou na comitiva (espertinho, ele!). Saí completamente do assunto, mas eu gosto demais desse quadro e fico encantada com a expressão de “Quediabéisso?” (em português “What the f*&$ck?”) do tropeiro que fica bem no alto, à esquerda.

Uma coisa que sempre me impressionou foi a história dos Bandeirantes. Logo no primeiro piso, temos as estátuas de Antonio Raposo Tavares e Fernão Dias. Quando você lê onde esses sujeitos se meteram, numa época sem internet, sem GPS, sem comida enlatada e telefone celular, dá um orgulho … E não me venha com aquela conversinha mole de “Ah, mas eles mataram índios …” Vem cá, se fosse com você, você se deixaria matar com uma bordunada? Ah, sei, para começar, você não teria saído da Europa, né? Sei.

Uma coisa interessante: os globos de vidro (cristal?) com água dos vários rios que esses desbravadores descobriram – tá, encontraram.

Tem aquele lance de ferros de passar roupa antigos, urinóis, esporas e estribos, carruagens, que eu passei batido.  Em uma parte da exposição, a frase mortal: “O viver paulistano”. CILADA!!

Há uma sala onde há vários exemplos de propagandas antigas. Aí, minha alma marqueteira se regozija. Até mesmo uma propaganda do farmacêutico H. Schaumann (soa um sininho? Sim, ele foi o fundador da Botica Ao Veado de Ouro, referência em homeopatia, até que um genro mal intencionado e um lote de pílulas para câncer de próstata falsificadas levaram o nome da Botica à lama).

E uma notícia no Correio Paulistano, de 18 de janeiro de 1901, que transcrevo:

Notas e Fatos

Perdizes

É de data recente um pedido dos moradores do Campo das Perdizes que, por nosso intermédio, foi dirigido à Companhia Light & Power, no sentido de ficar esse florescente bairro servido por bondes eléctricos. Atendo à justa solicitação dos interessados, renovamos o pedido que se justifica com o facto de se tratar de um apreciável núcleo de população que lucta com difficuldades sem meios de transporte, sendo, aliás, fácil à Light & Power servil-o com um ramal da linha Água Branca. Vai nisso interesse da própria empresa, alémdo relevante serviço que presta aos moradores do Campo das Perdizes. Ahi deixamos de novo consignada essa pretensão, razoável a nosso ver, e acreditamos que será ella tomada na devida consideração.”

Claro que eu fiz um “figurão”, de pé, diante do painel, anotando a notícia. Fica todo mundo com aquela cara de “Quediabéisso?” Tudo bem.

Saindo do Museu propriamente dito, dei uma geral nos jardins, fontes e …

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A imagem atual do córrego do Ipiranga, às margens plácidas …

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O monumento propriamente dito, felicidade de muita gente, tirando fotos em suas escadarias

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Um detalhe da parte aquática do Parque

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Não era segredo que D. Pedro era Pedro Guatimozim, maçom.

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Com o calor que estava fazendo, esses borrifos foram uma mão na roda.

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E, para não escapar, uma casinha de joão-de-barro

Só para assustar um pouco, o relógio de rua marcava

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“Quediabéisso?”

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