26/06/2010

Limpando os armários.

Oy, olha eu aqui, sofrendo por causa de uma partida de futebol (como naquela música do Skank). Oitavas–de-final eeu fico dividida: Uruguai ou Coréia do Sul? Gana ou Estados Unidos (o jogo está 1x1 e os americanos estão roendo pelas beiradas. Mas eu não estou vendo.)

O que me trouxe aqui foi falar sobre uma coisa que me deixou com dor de cabeça, realmente: um pai que espancou seu filho a socos até matá-lo. Detalhe: a criança tinha oito meses. OITO MESES! E a – perdão pela má palavra – mãe ajudou. Detalhe: na página em que estava esta notícia, havia outras. Muitas outras. Demasiadas notícias sobre pais espancando filhos até a morte. Ou de pais, avós, padrastos violentando suas filhas – e filhos. Em que mundo estamos vivendo? Que eu saiba, animais não fazem isso. Machos comem os filhotes, quando eles nascem, mas as mães são espertas o suficiente para afastar os recém-nascidos da sina. Entre os que se chamam “humanos”, as mães costumam ajudar os machos (mesmo?) a liquidar com a cria. Espera aí! Eu não tive filhos, mas acompanhei um bocado de gestações. Duas de minha irmã, várias de amigas dos lugares onde trabalhei. Sei dos trabalhos, das angústias, das dúvidas e da imensa alegria que acontece quando o bebê aparece no mundo.

Quando eu era jovem, pré-adolescente, morava num apartamento. Uma de nossas vizinhas tinha três filhas. As meninas eram espancadas em rodízio, vinte e quatro horas por dia, sete dias na semana. Não havia, para aquela “mulher”, dia santo ou feriando. Um dia, ela colocou dentro de casa um “namorado”. E o “macho” se especializou em espancar as meninas, no mesmo rodízio, 24x7. Um dia, conseguiram tirar as meninas da casa. Elas pediram para voltar. Para serem espancadas, 24x7. Por que um ser “humano” faz isso?  E por que eu estou falando sobre isso? Porque o blog é meu e eu falo sobre o que eu quiser, claro. Acontece que essas “cenas” (auditivas, claro) marcaram-me de uma forma que eu, de todas as formas, tento exorcizar. Já falei em terapia, já escrevi no meu diário de papel, já falei com minha irmã, já falei com o mundo. E esse horror não cicatriza. Sabe, é como se eu quisesse passar uma lixa d’água nessas memórias, para elas serem raspadas da minha alma, para que a pele pudesse cicatrizar e eu pudesse ter uma nova vida. Saeb, eu gostaria que essas memórias fossem como um arquivo de computador, que eu pudesse selecionar e deletar, jogar no lixo forever-and-ever. Até hoje, um rabinho fica e eu não consigo esquecer. Não, eu nunca fui espancada daquela forma, aliás, nunca me bateram. E nem desejo, ocultamente, ser tratada daquele jeito. Eu sou um SER HUMAN, não um animal. Aliás, não se trata um animal daquele jeito, quanto mais um ser humano.

Hoje estou meio com a “senhora macaca”. Briguei com o carinha do telemarketing da LBV. Porque ele veio me tratando por apelido – coisaque eu, com certeza, não dei autorização. Segundo, que ele veio me falando de um “centro cultural” ou coisa parecida, e eu não faço parte de centro cultural nenhum. Depois, me diz que vai fazer um pedido de doação e não vai fazê-lo mais durante um ano. Aí o fiozinho desencapado funcionou. E eu falei: como pode ser isso, se todo mês eu recebo uma ligação de vocês? Vocês me dizem que vão me ligar apenas dentro de um ano e eu recebo ligação todos os meses? Claro que eu não fiz doação alguma. Eu não quero ser tratada como idota. Não tenho a consciência pesada nem o coração mole – isso é mentira, eu tenho o coração mole, sim. E, quem sabe, sou e serei vítima de inúmeros golpes. Afinal, eu moro no Brasil, pois não? Sou enganada 24x7, incluindo dias santos e feriados. O que me assustou foi afrieza com que eu tratei o telemarqueteiro. Parecia um  esboço de Michael Corleone. “Não me insulte com suas desculpas”. Eu sei que ele não falou isso, mas teria tudo para falar, se ele tivesse tempo. Seguinte: eu sou difícil para caridade. Já fui melhor – ou mais trouxa? Não sei. Só sei que eu precisava falar sobre isso.

Numa hora em que estiver um pouquinho menos azeda, falareiu sobre minhas experiências com grupos de maluquinhos. Vai ser divertido.

O jogo se encaminha para a prorrogação. Quem estiver menos cansado, leva.

UPDATE – Deu Ghana. Vai ser um jogo interessante, Uruguai vs Ghana.  Mas os rapazes de Tio Sam portaqram-se com bravura. Gostei deles.

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