18/07/2010

“Está interessado em uma oportunidade de …?”

Continuo minha missão de limpeza das estantes da alma. Hoje, vou contar dois episódios leves de minha vida. Vou lhes contar de quando eu me envolvi – de leve – com um grupo muito, muito estranho.
O grupo fora montado por um senhor chamado C.R.P Wells, que, por acaso ou não, era um dos responsáveis pela publicidade da Philco, na época. Peruano, C.R.P. Wells organizou um grupo com base em um livro que ele mesmo escrevera, chamado “Semeadores de Vida”.
'Os semeadores de vida' mostra a história do envolvimento de C. R. P. Wells com extraterrestres e suas mensagens a respeito da situação de perigo que a humanidade enfrenta. Na narrativa, alguns garotos peruanos se reúnem para uma sessão espiritual com o intuito de se comunicar com um de seus entes queridos, que já faleceu há algum tempo. Um fato inusitado ocorre nessa experiência- o contato se dá com seres extraterrestres vivos confederados que lhes passam informações relevantes, as quais mudarão para sempre o rumo da história de suas vidas e da humanidade. Viajando através de Xendras, que são portais energéticos, eles estabelecem uma relação direta com os guias extraterrestres Oxalc, Godar, Joakmin, Xanxa, entre outros. A partir de então, buscam praticar ações na tentativa de melhorar a vida no planeta Terra.”
Pois eu fui convidada a participar de um grupo pequeno desse grande grupo . Equal era o objetivo do grupo? Preparar-se para um contato imediato do terceiro grau  com os tais “confederados” extra-terrestres. Para isso, a gente iria acampar num lugar selvagem, com comida simples, tipo acampamento selvagem, e ficar no escuro, fora da barraca, para adquirir essa “qualidade” de falar com os extra-terrestres. Durante uma reunião, eu me olhei, olhei os “companheiros” e me perguntei: “Che cazzo estou fazendo aqui?”
Óbvio que “sartei de banda” para nunca mais voltar. Não, eu não tinha vontade nenhuma de encontrar extra-terrestres, muito menos de falar com eles.
Eu aprendi? Nah!! Uns poucos anos depois, meti-me com a maior “roubada” do planeta.
Acredito que muitas pessoas na faixa dos trinta já ouviu falar da Amway, um sistema que poderia fazer com que o “sistemado” ficasse muito, muito rico, sem precisar trabalhar. Hein?  Era o velho sistema de marketing de rede em ação. “Bolinha, bolinha, bolinha” e as engrenagens começavam a girar e o dinheiro começava a entrar e os depoimentos começaram a aparecer …
“Eu estava endividado, minha mulher estava me abandonando, meu papagaio virava as costas para mim, até que fui convidado a fazer parte da rede de fulano. Fui trazendo gente, comercializando os produtos e agora, olha eu aqui, não preciso mais trabalhar, vou viajar quando quero, não me preocupo com a quantidade de malas que trago quando volto de viagem, tenho um carro importado na garagem, estou comprando outro, tenho um Rolex no pulso e …” Você conhecem a história. Engraçado que todos os depoimentos do pessoal que via para a Igreja Universal é semelhante. Estive lá e trouxe uma camiseta. Não na Igreja Universal, mas na Amway. E a forma de me pegar foi a de qualquer “bom” culto destrutivo: eu estava devendo para o cheque especial, insatisfeita no emprego (iria sair desse emprego quase uns seis meses depois), sem muitas perspectivas de vida. Eu comecei a comprar os produtos – que eram bons, sem dúvida alguma – comecei a ouvir as fitas – que não eram de todo más, eu guardei algumas coisas daquelas palestras – mas havia alguma coisa me incomodando. Essas coisas que me incomodavam apareceram de uma forma clara no dia em que eles lançaram um perfume. Uma colônia masculina, uma feminina. E, como os produtos eram da “nossa empresa”, era de lei que a gente usasse aqueles produtos. Na época, eu era apaixonada pelo “Eternity” do Calvin Klein (até hoje sou fiel àquela essência") e o perfume que eles usavam não era de meu agrado. E eu me perguntei: Por que eu tenho de usar uma coisa que eu não gosto?  Se fosse uma coisa feita pela “minha empresa”, teria a essência que eu gosto. Meu pezinho começou a ir para trás. Depois, veio o lance de marketing: patrocinar o time de basquete do Corinthians. I beg your pardon ?? Hello, aqui é Palestra, tá sabendo? E eu me perguntei: se é minha empresa, por que não está patrocinando o time do meu coração? Lá se foi o pezinho mais para trás. A cereja do bolo veio com uma “mega-convenção” que aconteceu em Brasília. Quando aconteceu a convenção, eu estava no fundo do poço: não estava recebendo o salário pois o cheque especial estava tão devedor que o dinheiro entrava e servia  para cobrir um pouquinho do rombo. Pessoas que eu conhecia e que iriam à tal mega-convenção tentavam me convencer, com lágrimas, discursos emocionados e uma pergunta: Você não tem uma televisão que possa vender? É um investimento no seu “negócio próprio”!
HEIN???
O complemento aconteceu quando uma pessoa que foi à tal mega-convenção me disse: não sei dizer o que você perdeu, mas você perdeu. Simples assim. Não sabiam o que eu tinha perdido, mas eu tinha perdido. Isso, sem contar que os participantes eram levados a se afastar dos “derrotados” – os que não acreditavam naquele conto de fadas, entre outras coisas.
Portanto, fiquem alertas: se alguém muito próximo te perguntar: está interessado em uma oportunidadede negócio?, fuja como o diabo foge da cruz. Como diria Didi Mocó: É FRIA!!
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Hoje, eu vi a primeira partida de futebol pós-Copa. Estranhei a ausência das vuvuzelas. Mas é questão de tempo. Meus ouvidos não demoram a se acostumar com o silêncio.
WetBird_Chongas           (By Chongas)

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