09/01/2009

O assassino não é o mordomo

Você não lê policiais. Acha que todos são aquela chatice violenta dos atuais escritores americanos, ou uma coisa meio passada, como Conan Doyle e seu Sherlock Holmes ou Dame Agatha Christie e seu Hercule Poirot ou sua Miss Marple. Não chegou nem perto de Jessica Fletcher (que tinha um seriado na TV à cabo, no extinto canal USA, estrelado por Angela Lansbury) ou de Alex Cross, de James Patterson.

Eu gosto demais do gênero policial, tanto que entre os meus livros de cabeceira estão, sim, Conan Doyle e Agatha Christie. Até que, um dia, resolvi me aventurar por outros mares. Resolvi, nas horas de folga, (que, na livraria, começaram a se tornar regra e não exceção) dar uma chance a um escritor italiano chamado Andrea Camilleri. O nome do livro: La forma dell'acqua (A forma da água). Claro, apanhei feito cachorro sem dono, pois, além de estar em italiano, continha passagens em dialeto siciliano, que é onde se passa a história. Aquela era uma história fadada ao fracasso, até que, um dia, vagabundeando na casa da minha irmã, e passando pelo canal Multishow (creio), vi o início de uma história em italiano. Um policial. Era ele! O comissário Salvo Montalbano, o personagem de Andrea Camilleri!. A história era "La forma dell'acqua"! Fiquei por lá, hipnotizada. Dias depois, passando pela minha livraria favorita (não, não é a Cultura, desta vez), a Temos Livros, na Av. São joão, encontrei a tradução de "La forma dell'acqua".

Óbvio, comprei. Óbvio, devorei. Devorei a tal ponto que esqueci de ligar o computador por duas ou três noites SEGUIDAS!

Para começar, o comissário Montalbano é a figura mais humana que eu já encontrei num livro. Ele tem pesadelos, mantém picuinhas com seus comandados, adora sacaneá-los. Adora, também, um bom prato. As descrições das comidas que ele traça durante as aventuras é de deixar qualquer cristão com MUITA água na boca.

E ele não é o gênio que não faz nada para resolver seus casos. Aliás, os casos dele sempre se desenvolvem do nada. Uma ocorrência simplesinha que, no andar da carruagem, vai se transofrmando em um caso de proporções tamanhas que a gente não quer largar o livro até o final.

E tem mais uma coisa: como o comissário, eu disse acima, é muito humano, ele erra. Às vezes, seus erros causam muito mais que um simples retorno à estaca zero das investigações. Podem custar vidas.

Como a história se passa em uma cidade fictícia da Sicília, é claro que ele acaba por tratar com mafiosos e com crimes cometidos por mafiosos. Crims que são citados, mas não descritos (esse é um dos motivos pelos quais eu não tenho lido muitos policiais americanos: o seu gosto pela descrição altamente "gore", sangrenta, dos crimes).

Um dos meus personagens favoritos é Catarella, um policial ... Bem, eu diria que seu Q. I. é bastante baixo. Ele é o telefonista do comissariado, anota os recados de forma que é preciso muita ginástica para se entender o que ele quer dizer e, (isso me deixou preocupada) é o único do pessoal que se deu bem com ... informática. Isso dá o que pensar.

Como quase todas as histórias já editadas na Itália foram traduzidas, agora é só procurar na sua livraria favorita e se divertir.

Recomendação 1: começar por "A forma da água", que é o primeiro livro da série, o que apresenta o comissário e seus companheiros, sua namorada Livia, Ingrid ...

Recomendação 2: altamente viciante. Eu já "abduzi" pelo menos uma meia duzia de pessoas que leram os livros, tanto em inglês quanto em português.

(imagem via site da Livraria Cultura)

Vale a pena, pode acreditar!!

Um comentário:

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