04/09/2010

A lingua portuguesa que a gente amava tanto …

Ás vezes, eu me espanto com certas coisas que encontro na Internet. Principalmente, na área de comentários.
“hai meu deus eu adoro essa novela tomara q o namorado do viado naum teja morrido aiaiai
é muito boa essa novela to adorando de montão
bjos pra todos♥”
O comentário acima foi feito para a atual novela-das-sete.
Vejam que primor:
“tomara q o namorado do viado naum teja morrido”
Preciosidades:
- “o namorado do viado” – expressão de uma delicadeza que faria Elizabeth 2 parecer uma … barraqueira de primeira linha.
- “naum” – aquele negócio que dizem sobre “economia da lingua”, pura bobagem. É melhor colocar mais uma letra do que um acento chato, burguês e careta.
- “teja morrido”. - “teja”, presente estupefaciente do verbo “tejar”. Que eu teja, que tu tejas, que ele teja.
Dói, viu? Dói de montão, ler uma coisa dessas. Isso, porque o pessoal costuma ler. Mesmo que seja revista de fofocas dos sub-famosos. Mas lê.
Ah, sim, moçoila: os fados, sinto muito, conspiram contra o seu desejo que o “namorado do viado” não “teja morrido”. Ele foi muito chato e morreu num acidente no terceiro ou quarto capítulo da novela. Foi reconhecido e enterrado. Com a língua portuguesa, só para constar.
Não comentei o ”hai“, devia ser “Ai”,. mas isso seria dolorido demais … Deixa quieto.

2 comentários:

  1. A deturpação da linguagem é um passo decisivo para a instalação de um regime totalitário foi assim na Alemanha de Hitler . Karl Kraus documentou tudo em Die Fackel. Caminhamos celeremente para o mesmo abismo.

    Mrs.Quilting

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  2. O que me recorda aquele conto de Ray Bradbury, "O som do trovão".
    Medo, tenho MUITO medo!

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