28/09/2010

Não sou Rosa Parks

Reconheço que estou ficando rabugenta. Estou ficando MUITO rabugenta.

Hoje, vou falar de meios de transporte – por assim dizer.

Tomo ônibus e metrô para ir ao trabalho. O ônibus deixa-me quase na porta da estação do metrô. E, na hora que eu pego o tal bus, ele vem cheio. CHEIO. Lotado. Tá, eu sempre consigo um lugarzinho para sentar. Mas ele vem CHEIO e vocês pensam que os passageiros, notando aquele desconforto passageiro (desculpem-me), fazem algo para tornar o trajeto um pouco menos penoso? MAGINA! Quatro palavras não fazem mais parte do vocabulário básico do paulistano médio:

- Por Favor

- Com Licença

- Desculpe

- Obrigado/a

Gente, isso faria a vida TÃO mais fácil …! Nah, é muito mais fácil esmagar a pessoa com a sua mochila, pisar no seu pé, empurrar a pessoa para o lado … E quando alguém vai sentar? Olha para você com um olhar .45, que significa: Cumé, vai sair de lado prá mim sentá? (ah, sim, o olhar .45 fala “prá mim sentá”)

E os que ficam pendurados na porta, mesmo que não vão descer? Se você pede LICENÇA para descer, olham para você como se você estivesse sugerindo uma menage-a-truá ou qualquer coisa muito nojenta. E se você pede licença, o pessoal te olha como se você estivesse falando klingon.  É cansativo, viu?

E no metrô? Como em qualquer transporte coletivo, há assentos reservados para idosos, desabilitados, mulheres grávidas ou com criança de colo. Tudo bem. Há sinalização apropriada, o serviço de auto-falantes lembra-nos a todo momento que os lugares são reservados, blá-blá-blá Whiskas sachet. Só que, no adesivo do vagão, abaixo das imagens da grávida, do velhinho, da mãe com bebê e do desabilitado, há uma frase bem assim: AUSENTES PESSOAS NESSAS CONDIÇÕES, O ASSENTO ESTÁ LIBERADO.

Claro, eu leio isso, olho pelo vagão, não vejo grávida/mãe-com-bebê/velhinho/desabilitado e me aboleto no banquinho, para ler meu jornalzinho grátis. Aí, fica todo mundo olhando, como se eu tivesse expulsado alguém do tipo grávida/mãe-com-bebê/velhinho/desabilitado para me sentar. Saco, viu? Todo mundo quer ser gente-fina, politicamente correto, bem “civilizado”. É, pois é, eu não sou gente-fina, não sou politicamente-correta, não sou “civilizada”. Gasto minha civilidade com quem entende. E sento, sim. Na ausência dessas pessoas, eu me utilizo do assento, sim! E o engraçado que o serviço de auto-falantes não dá essa opção para quem está com os pés cansados. Acho que estão querendo nos deixar louquinhos. E o pior: estão conseguindo.

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